“QUE FINAL DE SEMANA RICO. TEOLÓGICA E MUSICALMENTE.” Assim falei suspirando aliviado e realizado ao final da 6ª Oficina de Música do Sínodo Paranapanema que aconteceu de 30 de março a 1º de abril em Palmeira-PR.
Acolhidos otimamente bem pelo casal Fischer fomos chegando aos poucos ao local do evento – o Centro de Retiros Monte Sião no final do dia 30. Aquele cachorro quente com molho de chucrute regado a abraços e reencontros estava uma delícia. E era só uma mostra do que seria aquele final de semana. A celebração de abertura, coordenada pelo Jerry (não o cantor Jerry Adriane e nem o famoso Ratinho, “amigo” do Ton, mas sim o Jerry Fischer), o Pastor hospedeiro, foi marcante na música, na simbologia e na reflexão. Nos deixamos renovar pelo clima de ramos e da semana santa. Ainda antes de o sono chegar recapitulamos com o P. Evandro “A cruz como critério para avaliação do conteúdo do canto” (abordado por ele na 5ª oficina). O exercício prático de “checar” se o que cantamos tem uma mensagem cruzcêntrica foi com base no hino “Reflexão Noturna”, resgatado, do fundo do baú musical da IECLB, do LP da 1ª MUSISACRA (1ª Festa da Música Sacra da IECLB-1986). E assim cantamos em uníssono e enganchados uns aos outros: “A noite cai é mais um dia que se foi...”.
O sábado começou ao som de gaita e violão: “Vá se chegando meu amigo e vá entrando...” foi o convite do Devocional após o café da manhã, quando o P. Evandro trouxe a palavra do salmista como motivação inicial daquele que seria um dia de muito trabalho musical: “Cantem uma nova canção a Deus, o Senhor.” (Salmo 96.1a). O desafio colocado pela coordenadora sinodal Lislie Koester foi de, conforme opção feita na ficha de inscrição, nos dividirmos em dois grupos/oficinas e trabalharmos musicalmente os 10 hinos a serem incluídos na liturgia do culto de encerramento da oficina no domingo de manhã.
Uma das oficinas, coordenada pela Professora e Gerente Gisella Olsson Schlagenhaufer, se ocupou com a parte vocal, tanto no que se refere a ensaiar os hinos, mas especialmente no exercício e aprendizado sobre técnica vocal. A outra oficina, coordenada por Lucas Fhühauf e auxiliado pelo P. Evandro e por René da Escola Popular da igreja da Alemanha, na parte de percussão, trabalhou o arranjo instrumental das 10 canções. O grupo vocal fazia sua prática acompanhada pelo delicioso cheiro do preparo das refeições, no refeitório e o grupo instrumental na Capela do Monte Sião. Foram dois blocos de uma hora em meia na parte manhã, intercalados por um intervalo gostoso acompanhado de sucos, frutas e bolos.
Antes do almoço de sábado ainda nos reunimos todos em plenária para a Reflexão Temática. Fazendo um “trocadilho” com o tema do Ano da IECLB, o tema da oficina foi “COMUNIDADE MUSICAL – IGREJA VIVA”. Pastor Evandro trouxe uma reflexão provocante, perguntando por qual o perfil de uma comunidade musical e como esta comunidade musical conduz a uma igreja viva e atuante valorizando os dons e talentos musicais e em especial os/as musicistas. Apresentou resultado de uma pesquisa que realizou, com base em dados das publicações de vagas ministeriais no site da IECLB de maio de 2011 a março de 2012. Ao todo foram 103 vagas publicadas e pesquisadas, contemplando os 18 Sínodos da IECLB. As perguntas e buscas centrais foram: o que é apresentado em termos de “ESPECTATIVA E PRIORIDADE” ao/a ministro/a candidato relacionado à música? E o que consta referente a MÚSICA no “PERFIL DO/A OBREIRO/A” em cada uma das vagas divulgadas? Alguns dados surpreenderam a todos e levaram a uma reflexão séria e profunda sobre a visão de igreja e do ministério de música presente em boa parte das Comunidades da IECLB e suas lideranças. Em 60% das vagas constam alguma expectativa referente à música ligados ao perfil esperado pelo Ministro/a, em especial Pastor/a. As expectativas e prioridades relacionadas à música (presentes em 18 vagas) vão desde “coordenar e ensaiar o coral infantil” até o “incentivo à musica”, passando por “trabalho com canto e instrumento musical”. Como “perfil” (55 citações) havia referencia a cinco categorias ou níveis de habilidade musical esperadas do/a candidato/a: “que toque algum instrumento musical”, “canto e instrumento musical”, só “canto”, “habilidade musical” e “goste e incentive a música”. Ao final da exposição e reflexão P. Evandro desafiou os/as “oficineiros/as” a sonharem e imaginarem como seria a publicação de vaga se existisse na IECLB o/a ministro/a de música devidamente habilitado/a e ordenado/a como tal. O exercício foi animador e desafiador. Apontou que a IGREJA VIVA que desejamos pede uma valorização maior da música e seus musicistas e uma ampliação e valorização maior desta vocação e deste ministério.
Com mais uma parada deliciosa para o almoço, nossa forças foram redobradas para a tarde de sábado que seguiu com mais um espaço para as oficinas. No final da tarde e após o jantar já era hora de juntar os dois grupos e começar a ver o que havia sido produzido em cada oficina e como as coisas iam se fechando para o “grand finale” no culto de domingo. O exaustivo e dedicado trabalho do dia não foi empecilho para uma animada confraternização ao final da noite antes de cada um se recolher para descanso.
Domingo acordamos cedo para o café da manhã e já nos juntamos em caravana “amontoados” nos carros entre partituras, instrumentos, sacolas e malas até a comunidade Quero-Quero. Lá, antes do culto, fizemos o aquecimento, o último ensaio e celebramos o culto encaixando os 10 hinos à liturgia, desde o prelúdio, passando pela confissão de pecados, o Glória e a leitura da palavra até o Pai Nosso além de alguns hinos temáticos. A marca musical foi uma nova roupagem, em estilos musicais regionais, a velhos e conhecidos hinos de nosso repertório luterano. A marca teológica foi uma profunda teologia pascal coberta por uma forte espiritualidade luterana.
Fechando o evento, a Comunidade local ofereceu um saboroso “galeto ao primo canto”. E para completar a riqueza teológica e musical deste final de semana, todos foram convidados a assistir no templo novamente as apresentações do 3º Encontro de Coros Infanto-Juvenil do Sínodo Paranapanema.
Numericamente não foi o que esperávamos de presença, mas em qualidade, dedicação e interesse, os/as oficineiros/as e assessores/as superaram em muito... Parabéns a todos/as!!!
(na foto todos/as integrantes da Oficina com seus certificados de participação em mãos)