terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

NATÃ: AMIGO DO REI !

Motivado pelas meditações do Castelo Forte 2012 neste mês, andei folhando algumas páginas do Antigo Testamento e constatei que NATÃ foi, no verdadeiro sentido, um amigo do Rei. Sim, por que há um falso e pejorativo sentido para estas palavras. Certa pessoa entrou numa empresa “com todo o gás”. Mas logo no primeiro dia um colega “melou” o seu entusiasmo quando lhe disse: “Esquece, aqui só vai pra frente quem é amigo do rei.” Manuel Bandeira (Recife-BR, 1886-1968) já em seu poema “Vou-me embora pra Pasárgada”, conta as vantagens e regalias que lá terá. E o motivo: “Lá sou amigo do rei”. Contudo há pessoas que já constataram e a assim propagam que “rei não tem amigos, só súditos e servos”. Creio, porém, que os reis também precisam de amigos, não para comprá-los com favores e benesses. Mas para presença e apoio e, quando necessário, repreensão e correção. Nisto se resume a verdadeira amizade.

Neste sentido sim, Natã foi amigo do rei Davi, verdadeiro “presente de Deus” (significado no nome Natã em Hebraico). Discípulo de Samuel, Natã, filho de Atai (1 Cr 2.36) foi um profeta que viveu durante o período do reinado de Davi e Salomão, em Israel (2 Cr 9.29). Recebeu a missão de cuidar de Davi após a morte de Samuel. E se torna o grande conselheiro e amigo do rei Davi durante o seu reinado, sempre ajudando o rei nos momentos mais difíceis. Assim, é usado por Deus tanto para repreender como para confortar, orientar e apoiar Davi.

Nas diversas intervenções em que Natã teve que se fazer presente na vida de Davi, ele não apontou de imediato os seus erros, nem se portou com atitude acusadora. Mas conduziu Davi a reconhecer seus desvios do caminho. Foi sempre levado, a refletir sobre suas atitudes, aguçando, deste modo, a sua consciência como homem e servo de Deus. Foi assim quando do desejo de Davi construir um templo. Natã aprova e depois intervém com a orientação de que esta seria a tarefa de um filho de Davi, como sucessor seu (2 Sm 17 e 1Cr 17). Também aconteceu isso quando Natã conta a história dos dois homens, um rico e outro pobre, fazendo Davi mesmo dar sua própria “sentença” a respeito de sua trama contra Urias, marido de Bate-seba (2 Sm 12). De forma semelhante, ao final da vida de Davi, Natã, juntamente com Bate-seba, intercede em favor de Salomão acerca da ascensão de Salomão ao trono, pretendida por Adonias, outro filho de Davi. Natã aguarda para agir somente depois de Bate-seba fazer a sua parte. Ele entrou na hora “h”, “se ajoelhou diante do rei e encostou o rosto no chão” e “confirmou” a história da mãe de Salomão. Tal “intervenção” de Natá leva Davi a cumprir sua promessa e fazer de Salomão seu sucessor (1 Rs 1). Natã, um “amigo do rei” no mais verdadeiro sentido da palavra.

No sentido popular, buscar ser amigo do rei, com “segundas intenções” fere a essência cristã. Mas ser amigo de coração e doação, de quem tem e quem não tem poder ou destaque social, isto sim é bíblico e desejável em nosso viver. Vislumbrar uma vida cristã sob esta ótica da amizade favorece o crescimento e o discipulado. Um viver sob a ótica desta amizade abre caminhos para a confiança e, por consequência, desenvolvimento pessoal e social, espiritual e educacional. Favorece o processo de ensino-aprendizagem de um discípulo. Mostra um ensinar-aprender pela via do protagonismo e para a autonomia. (Ilustração: Natã, à direita, avisando o Rei Davi. Por Matthias Scheits - Fonte: wikipedia)

sábado, 18 de fevereiro de 2012

BARCO E TENDA

Trago (e talvez você também), de minha infância na igreja, a lembrança de quando cantávamos e gesticulávamos com nossos pequenos dedos e mãos e com toda aquela empolgação e fé deste modo: “Pedro, Tiago e João num barquinho. Pedro, Tiago e João num barquinho. Pedro, Tiago e João no barquinho no mar da Galiléia”. Esta canção é inspiração e referência ao texto de Lucas 5. 1-11, e a experiência no BARCO.

Há outra passagem bíblica onde estes três personagens do novo testamento, discípulos de Jesus, aparecem com o Mestre. Desta vez não num BARCO, mas numa TENDA. Marcos 9.2-9 me fez pensar que a vida cristã é feita de momentos na TENDA, mas igual e condicionalmente, da vivência no BARCO.

A TENDA é a representação da comunhão, oração, descanso, fortalecimento, “sombra e água fresca”, aprendizado, louvor, glorificação, consagração, adoração, discipulado, crescimento, aprendizado, estudo, descanso, liturgia...

O BARCO é lugar de movimento, vocação, ação, tribulação, missão, “suor e lágrimas”, trabalho, pesca, união, força, dedicação, provação, evangelização, serviço, diaconia...

A arte e a beleza da vida cristã estão na busca do equilíbrio entre estes dois momentos com Cristo: na TENDA e no BARCO.

A TENDA faz-nos suspirar com os três discípulos e dizer: “- Mestre, como é bom estarmos aqui!”(Marcos 9.5).

O BARCO nos faz bradar com Pedro e os outros dois discípulos e dizer: “- Mestre, nós trabalhamos a noite toda e não pescamos nada. Mas, já que o senhor está mandando jogar as redes, eu vou obedecer.”(Lucas 5.5).

Na TENDA acontece REVELAÇÃO!

No BARCO acontece MISSÃO!

São lugares e momentos distintos. O discipulado não acontece em BARCOS com TENDAS. Seria até bem criativo, confortável e prático. Mas, necessitamos de ambos... distintamente... E Deus nos oferece sua companhia nos dois... indistintamente...

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

BONS AMIGOS


BONS AMIGOS, em tom de brincadeira, já “reclamaram” por ainda não terem “aparecido” no meu Blog... Então dedico esta a vocês, nossos BONS AMIGOS!

Na casa de um destes bons amigos estávamos a almoçar e num certo momento da refeição meu filho alcançou-me um copo com suco. Achei que era para eu prová-lo, mas não, era para eu ler o que estava escrito no copo... Lá estava a estampa a cima com o mesmo dizer. Fiquei contente e ao mesmo tempo orgulhoso pela percepção que ele tem das coisas e do momento que est(ou)amos vivendo.

“NOS ALTOS E BAIXOS DA VIDA” Por muitas vezes pessoas tem se achegado à secretaria das Comunidades onde trabalhei e, na sequência, ao meu gabinete pastoral e começado a “se justificar” por estarem ausentes das atividades comunitárias e cultos e atrasados com as contribuições... Busquei sempre ser acolhedor e inclusivo e minha frase tem sido mais ou menos esta: “- A vida é assim, cheia de altos e baixos! E tudo tem o seu tempo! A vida às vezes é como se estivéssemos numa montanha russa. Além dos altos e baixos... em alguns momentos ela nos deixa até de cabeça para baixo, mas nunca fora dos trilhos!” E se “é da vida” estes “altos e baixos”, então todos nós, em maior ou menor proporção, os vivemos. O mais importante é estarmos atentos a “como” os vivemos. E um grande diferencial é quando temos ao nosso lado ou na outra ponta da gangorra, BONS AMIGOS.

“BONS AMIGOS” Será que seria necessário o adjetivo “BONS” à frente de “AMIGOS”? Há quem defenda que amigos verdadeiros são sempre bons... e que não exista “maus amigos”... pois, se são maus, não são amigos. Preciso contrapor esta idéia e constatar que às vezes somos “maus amigos”. De uma ou de outra forma, na maioria delas involuntariamente, decepcionamos, magoamos, nos omitimos, mesmo sendo BONS AMIGOS. E quem sabe até haja também inimigos, que podemos adjetivá-los de bons e maus. Bons por que nos poupam de sofrimentos e perseguições ainda maiores e maus quando efetivamente tramam contra a gente. Na Bíblia encontramos menção a “boas cidades”(Dt 6.10), “boas terras”(Dt 8.12, Mc 4.8, Lc 8.8), “boa(s) palavra(s)”(Js 21.45, 23.14, 1 Rs 12.7, Pv 12.25, Hb 6.5); “bom caminho”(1 Rs 8.36, Jr 6.16); “boa inteligência”(Pv 13.15); “boa vontade”(Pv 14.9, 2 Co 8.12, 12.9, 12.15, Ef 6.7, 1 Pe 5.2); “bom nome”(Pv 22.1, Tg 2.17); “boas novas”(2 Rs 7.9, Pv 15.30, 25.25, Is 40.9, Na 1.15, Hb 4.2); “boa fama”(Ec 7.1, 2 Co 6.8, Fp 4.8); “boa(s) obra(s)”(Mt 5.16, At 9.36, 2 Co 9.8, Ef 2.10, Fp 1.6, 2 Ts 2.17, 1 Tm 5.25,Tt 1.6, 2.7, 3.8, 1 Pe 2.12); “boa(s) dádiva(s)”(Mt 7.11, Lc 11.13, Tg 1.17); “bons frutos”(Mt 7.17); “boas cousas”(Is 52.7, Jr 12.6, Mt 12.35,); “boa semente”(Mt 13.24 e 38, “bom tempo”(Mt 16.2); “boa ação”(Mt 26.10, 14.6); “bom mestre”(Mc 10.17, Lc 18.18); “bom tesouro”(Lc 6.45); “boa parte”(Lc 10.42); “bom vinho”(Jo 2.10); “bom pastor”(Jo 10.11); “boa reputação”(At 6.3); “bom testemunho”(At 16.2, 1 Tm 3.7, Hb 11.39); “bom ministro”(1 Tm 4.6); “bom combate”(1 Tm 6.12, 2 Tm 4.7); “bom soldado”(2 Tm 2.3); “boa consciência”(1 Pe 3.16), mas “BONS AMIGOS” não encontrei. Quem sabe seja mesmo redundante chamar os amigos de bons. Mas nunca é demais nos monitorarmos para não sermos “maus amigos”.

“SÃO SEMPRE PRESENTES DE DEUS” “Nunca diga nunca” diz o ditado. E melhor é também nunca dizer “SEMPRE”. Por que, por vezes, falhamos. Estes radicalismos de fidelidade valem e podem ser assumidos somente por Deus. De nossa parte são apenas desejos, votos, compromissos, desafios que, com fé e firmeza em Deus, até podemos cumpri-los, alcançá-los. Mas Deus NUNCA nos abandona. “A sua misericórdia/O seu amor dura para SEMPRE.” (Sl 100.5). Deus SEMPRE dá um jeito de nos presentear com “anjos sem asas” (como minha esposa muito bem gosta de definir AMIGOS). E se Ele nos presenteia com BONS AMIGOS, noutros momentos e circunstâncias, somos nós que Ele “empacota” e nos coloca nos braços, colo, ao lado ou na outra ponta da gangorra de alguém (ou de “alguéns”). Se “é da vida” os “altos e baixos”, “é da vida” também estarmos prontos e dispostos para nos colocar no outro lado da gangorra de alguém a qualquer momento, fazendo, como PRESENTES DE DEUS, o contraponto, o equilíbrio.

OBRIGADO, NOSSOS BONS AMIGOS, PELO DIFÍCIL, MAS, AO MESMO TEMPO, GOSTOSO BALANÇO QUE VOCÊS ESTAM VIVENDO COM A GENTE.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

JORNADA RIO 2013

Esta é a logo oficial lançada hoje como símbolo da Jornada Mundial da Juventude (Católica) que vai acontecer de 23 a 28 de julho de 2013 sob o lema bíblico: "Ide e fazei discípulos entre todas as nações". Foi escolhida através de um concurso e o artista é um jovem de 25 anos do Rio. Ah! O Concurso para a letra no hino oficial teve o prazo prorrogado.
Este evento está se mostrando como uma caminhada-jornada bonita, participativa e promete ser também transformadora... E, inspiradora para nós evangélicos de confissão luterana que no Brasil temos como tema neste ano "Comunidade Jovem-Igreja Viva" e que rumamos para, a nível mundial, celebrar 500 anos de REFORMA. Vale a pena acompanhar o site http://www.rio2013.com/pt
Estou curioso para ver a dimensão ecumênica deste evento.