quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Suíça aqui em casa

Como é diferente quando estudamos algo e quando vivenciamos algo. Quando a gente ouve falar de alguma coisa, eu, pelo menos, guardo e entendo um tanto das informações, mas quando a gente vive algum momento ele é muito mais marcante. Quando a gente sobre algum país a gente até aprende como as pessoas vivem, mas quando a gente convive com alguém deste país, mesmo que por algumas horas somente, a gente aprende muito, muito, muito mais.



Tivemos uma grata surpresa neste último final de semana. A Suíça literalmente entrou na nossa casa. Em julho de 2010, numa visita a uma comunidade da IECLB, havia conhecido uma estudante de teologia, suíça, intercambista na EST (Escola Superior de Teologia) de São Leopoldo, colega de um futuro colega... (deu pra entender né?!). Naquela vez quando nos despedimos ofereci nossa casa e a hospitalidade e amizade de nossa família se ela quisesse conhecer Curitiba. A “grata surpresa” aconteceu quando a Gabi escreveu na semana passada um rápido email se re-apresentando, lembrando de quando nos conhecemos. “-Aquela pra quem você emprestou um Dramim”, explicou ela (foi para ajudar na viagem de volta dela de ônibus de Santa Rosa para São Leopoldo, na expectativa de que não se repetisse os enjôos da ida). Gabi pergunta se era eu mesmo e informa que estava na Ilha do Mel (litoral paranaense) e que chegava 6ª feira em Curitiba para no sábado voar de volta para Porto Alegre. “-É eu mesmo.!” respondi. Passei nossos telefones e sugeri que ela se anunciasse quando estivesse chegando na capital do Paraná para a pegarmos. O “albergue” (quarto de nossa filha) e o “taxi” (nossa Variante 77) estaria à disposição.
Como chovia e a Gabi já tinha feito a viagem com a Jardineira (ônibus de turismo) quando desembarcou em Curitiba, com toda a paciência do mundo, entre uma cuia de chimarrão e outra xícara de café ela nos contava – em um bom português – sobre o seu país. E juntos fazíamos algumas comparações com os "brasils" que ela mesma já havia descoberto... distâncias, geografia, pessoas, igreja, estudos de teologia...
A Suíça, uma Confederação de 26 Cantões (relativo a Estados no BR) é um país que tem quatro línguas oficias. Ou seja, em 41 mil Km2 de área (menos que Rio Grande do Norte) quase 8 milhões de habitantes (RS tem mais de 10 milhões) se entendem falando alemão-suiço, francês, italiano e o romanche. A Gabi nos contou que voltará para a Suíça no final de janeiro para terminar seus estudos de teologia na Universidade de Berna, mas vai morar com a família em Crémines (Cantão de Berna). Num país historicamente equilibrado entre católicos e protestantes, Gabi integra a Igreja Reformada da Suíça e pretende ser pastora após a conclusão dos estudos. Mas para isso terá que ainda fazer Mestrado após a Graduação. Quando lhe perguntei sobre o que mais lhe chamou atenção entre o estudo de teologia de São Leopoldo e de Berna ela disse: “-Aqui é mais prático, lá é mais científico. Se bem que os intercambistas estrangeiros que vão pra lá, se vêem mal com as aulas de homilética (culto e pregação) que são dadas em alemão-suiço.” (pra ter uma idéia nem os alemães entendem bem o dialeto suíço se falado naturalmente). A Gabi até tentou nos falar uma frase na sua língua materna, mas preferimos aproveitar aquelas poucas horas falando português...
Na despedida demos à Gabi um pacote de Erva Mate de presente. Ela gostou de mais do chimarrão e disse que, a exemplo de algumas colegas, se tornou seu companheiro de escrivaninha nas horas de estudo. Ela diz que vai levar quatro conjuntos de bomba e cuia para deixar em quatro locais diferentes na Suíça. Em nosso livro de visitas ela escreveu: “Muito obrigada por tudo, e, se vocês estão um dia na Suíça, ligue!”
Obrigado a você Gabi, por nos ter trazido a Suiça aqui em casa.

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